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CD REVIEW
In The Country: This Was The Pace Of My Heartbeat
By NUNO CATARINO
Do norte da Europa chega-nos uma quantidade enorme de projectos que têm
como ponto de partida (ou de chegada) o jazz. Para lá da histórica
ECM, uma nova geração desponta. Através de editoras
como Jazzaway, Moserobie, Smalltown Superjazz, Jazzland ou Rune Grammofon
surge uma imensidão de músicos e projectos que abordam o
jazz, ou trabalham nas suas fronteiras, com muita criatividade, personalidade
e valor. Particularmente, os países nórdicos têm sido
generosos na quantidade de músicos que revelam ao mundo. E desta
vez a música vem da Noruega.
Dentro da esfera do jazz clássico há poucos grupos a definir
verdadeiramente o som do trio de piano jazz da actualidade. Destacam-se
os irreverentes The Bad Plus e os trios de Esbjörn Svensson, Brad
Mehldau e do superior Keith Jarrett. E sobre quase todos paira a sombra
de Bill Evans, o senhor do lirismo desmesurado, o pianista que trouxe
a sensibilidade da música clássica para a liberdade do jazz.
À sombra de Evans, acrescente-se uma admiração confessa
por Tord Gustavsen, assim como devoção pelo pianista Paul
Bley, e aqui estão os In The Country, um jovem trio com disco de
estreia recentemente editado: This Was the Pace of My Heartbeat.
In The Country é um trio norueguês constituído por
Morten Qvenild (piano), Roger Arntzen (contrabaixo) e Pål Hausken
(precussão). Ao contrário do que poderíamos esperar,
a música não se aproxima das propostas complexas, ornamentadas
e radicais de alguns compatriotas. Aqui, há antes um processo de
retorno, de (aparente) simplificação. Afastados de extremismos,
os In The Country preferem viajar calmamente por paisagens ambientais
– que são a imagem de marca da ECM. Fazendo uso do espaço,
as notas são esparsas, os silêncios são maximizados,
cada intervenção é extremamente premeditada e nunca
peca por excesso.
Mantendo sempre uma toada introvertida, o piano nunca se exalta, nunca
alinha em virtuosismos - quem espera cascatas de notas vem ao engano.
O acompanhamento de contrabaixo e bateria segue a mesma linha, usando
uma linguagem comedida, eficaz. Tal como nos recentes trabalhos de Bernardo
Sassetti, o silêncio é primordial e abre espaço para
cada nota ganhar mais luz.
A música dos In The Country revela-se concentrada ao seu âmago,
na sua leveza natural, sem artifícios nem excessos. Há no
entanto o reverso da medalha - quando a jornada paisagística se
prolonga em demasia é impossível evitar uma certa fadiga,
pelo que este disco não é recomendável para todos
os dias, nem para todos os momentos. Os 52 minutos do disco não
facilitam, mas quem lhe dedique alguma atenção vai com certeza
saborear toda a sua beleza.
Published : 02.03.2006
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